quinta-feira, 6 de julho de 2017

Por que não gosto de smartphones

Frequentemente sou criticado com relação a minha escolha de celular (LG 220 dual SIM):

É isso mesmo, essa coisa feia e antiquada aí.

As críticas vão desde risadas descontraídas, passando por caretas e até algumas queixas mais pesadas. Uma vez acreditaram que era o celular de brinquedo do meu filho.

"Como pode você trabalhar com tecnologia e usar essa tranqueira?!?"

Do meu ponto de vista, justamente por isso.

Veja bem, eu moro no Brasil. Então guarde isso em mente porque é importante.

Eu evito smartphones pelos motivos abaixo:

  1. falta de privacidade.
  2. falta de controle.
  3. custo-benefício ruim.
  4. não me oferece nenhum benefício que eu realmente precise.

Falta de privacidade

Se você não sabe, seu celular fornece informações sobre absolutamente tudo o que faz. Dependendo de como você usa e configura, ele sabe inclusive por onde você anda passeando, o que compra, com quem fala e as fotos que tira. Esse é um assunto longo e tem muito material se você procurar por aí. Se informe.

Falta de controle

Não lhe bastando a falta de privacidade, que espécie de controle você acha que tem sobre seu aparelho? Vou te contar: de pouco a nenhum.

Todos os aparelhos e sistemas operacionais tem aplicativos que você não consegue remover. Isso mesmo, você pagou mas não consegue instalar ou remover o que o quiser. Para a maioria das pessoas não-técnicas parece OK. Parece que para as que tem conhecimento também.

Sim, você consegue executar gambiarras para desbloquear e se livrar as aplicações inúteis da sua operadora, por exemplo, ou aquele aplicativo chato que você nunca usa. Mas como disse, são gambiarras e você pode perder o aparelho se fizer errado.

Algumas pessoas argumentam que alguns aplicativos são fundamentais para o funcionamento básico do aparelho. Balela: qualquer programador sabe que código fundamental deve ser separado em bibliotecas compartilhadas. É assim desde a muito tempo (exceto se você desenvolve para Windows, claro). Isso era do tempo que a Microsoft te forçava a usar o Internet Explorer, por exemplo.

E por quê a implicância?

Bem, eu quero controlar o que tem instalado no meu aparelho porque:

  1. Não quero baixar atualizações do que eu não uso.
  2. Não quero estar aberto a falhas de segurança de software que não uso.
  3. Não quero ocupar espaço no meu celular de forma desnecessária.

Todos são motivos importantes, o terceiro talvez mais: smartphones com hardware antiquado geralmente não consegue receber atualizações de software porque não tem o espaço necessário. Isso também acontece com qualquer computador, mas com uma taxa muito mais lenta e custo muito menor. É o que preço que se paga por mobilidade.

Custo benefício ruim

Lembra-se que eu disse que morava no Brasil?

Pois é... o custo-benefício aqui é péssimo. Não só os aparelhos custam muito caro (como todo o restante), mas o serviço também é uma porcaria: as operadoras no Brasil estão acostumadas a prestarem um serviço ruim com alto preço. De que adianta meu smartphone modernoso com processador de N núcleos e o 3G não pega?

Isso não impede que as lojas de smartphones e operadoras estejam sempre cheias. Eu realmente não sei o que as pessoas tem na cabeça, mas minha última tentativa de adquirir um smartphone "pé-de-boi" resultou em um gasto de R$3000, contando os gastos com serviço de internet, até o final deste ano. Como eu imagino um monte de outras coisas que eu poderia usar com essa grana e fiquei com meu aparelho atual.

Não me oferece nenhum benefício que eu realmente precise

Se eu acho que smartphones são inúteis? Pelo contrário.

Para pessoas que trabalham com ele e precisam de mobilidade (como trabalhar fora de um escritório) ele é fundamental. As pessoas cortam despesas quando usam o Whatsapp direito, por exemplo. Ou podem responder e-mails sobre trabalho e resolver problemas com mais agilidade.

Algumas coisas seriam impossíveis de se fazer sem um smartphone: vide o Uber, por exemplo.

Eu mesmo já me beneficiei das praticidade e conforto de usar o GPS ou pesquisar preços na Internet antes de fazer aquela compra na loja. Mas eu realmente preciso disso?

Acho que não... principalmente considerando o custo-benefício ruim que eu citei antes. E a palavra certa é "conforto": você adquire algum e depois acredita que não consegue viver sem.

Pior, eu arrisco dizer que a grande maioria dos usuários não precisam de um smartphone. Basta pegar um transporte público e observar as pessoas. Isso sem contar os hábitos ruins que as pessoas passaram a ter depois de comprar um.

Conclusão

Ficar velho é ficar mais chato... mas prefiro continuar a escutar as gracinhas do que pagar caro só para manter um status do qual não preciso.

E por que escrevi esse post, você deve estar se perguntando?

Bem, agora posso economizar explicações: e só passar a URL dele. :-)